A escolha da carreira é um momento muito importante na vida de uma pessoa. Geralmente, esse momento se dá ao fim dos três anos do Ensino Médio quando o aluno presta o vestibular e opta por um determinado curso de graduação. Este é um momento que pode vir acompanhado de diversas questões e pode ser fonte de grande ansiedade.
O papel da família nesse momento é muito importante e também delicado. Os jovens, estando em seu período de desenvolvimento e adentrando a vida adulta, precisam de um equilíbrio delicado entre o apoio dos pais e a liberdade de escolha. Não é fácil obter este equilíbrio principalmente porque os jovens acabam sofrendo forte influência pelos vínculos emocionais.
As expectativas dos pais nem sempre condizem com a realidade dos filhos e pode ter sua origem em vários aspectos, sejam eles o desejo por uma boa carreira para os filhos, ou mesmo uma visão romantizada de alguma profissão, dentre outras. Mesmo que algumas dessas expectativas sejam pautadas por bons sentimentos, ainda assim elas podem gerar problemas na escolha dos filhos. Vamos aprofundar o tema neste artigo?
A desvinculação emocional na hora de escolher uma carreira
Os vínculos emocionais entre o jovem e a família podem ser uma fonte de amparo e conforto, mas apenas quando estes são saudáveis e permitem espaço suficiente para o crescimento. O cuidado, o carinho, o zelo pela felicidade são coisas positivas e importantes, mas apenas quando bem dosados. Em casos extremos (excesso ou ausência), esses mesmos sentimentos podem ser fonte de grandes problemas.
O desligamento emocional não é blindar e recusar os bons sentimentos existentes entre o jovem e a família, e sim uma tomada de responsabilidade sobre a própria vida. Se hoje os jovens saem de casa mais tarde e, consequentemente, tomam as rédeas de suas próprias vidas mais tarde, é comum que esse desligamento emocional tão necessário ao crescimento acabe também acontecendo mais tarde.
Isso pode se tornar um problema porque em momentos cruciais da vida, estes jovens podem ser altamente influenciáveis e acabar não tendo a autonomia sobre a própria vida. A escolha de uma carreira, de uma profissão, ou de um curso de graduação necessita de suporte, mas também é essencial que exista espaço para o desenvolvimento próprio, da construção do processo de escolha do jovem e de sua responsabilidade por esta escolha.
Como trabalhar a desvinculação emocional na hora de escolher uma carreira?
A questão da influência dos pais sobre as escolhas dos filhos necessita de equilíbrio, afinal existe influências positivas e negativas. A influência positiva, em relação à escolha da carreira, é aquela que age como apoio que delineia opções, mas que não restringe as escolhas.
A influência negativa, por sua vez, é aquela que projeta uma série de expectativas dos pais sobre os filhos. Nesse contexto, a desvinculação emocional pode ser trabalhada de forma a trazer menos ansiedade às partes envolvidas. Confira a seguir algumas dicas sobre o assunto.
A diferença essencial entre "independência" e "indiferença"
A independência emocional é um sentimento saudável, ao contrário da indiferença emocional. No primeiro caso, existe uma consciência de que o jovem é um sujeito com características, qualidades e defeitos próprios e não é uma extensão dos pais. A indiferença, por sua vez, é a falta de cuidado e de interesse na vida desse jovem, um problema sério com impactos profundos e destrutivos.
Tenha consciência das qualidades
Para os pais é muito importante conhecer as qualidades do jovem, que se subdividem em dois grandes grupos de habilidades (habilidades por atividades e habilidades por inteligências). As habilidades por atividades se resumem ao cotidiano vivido por este jovem, que no decorrer do tempo se traduzem em afinidades. Já as habilidades por inteligências se resumem às áreas onde o jovem tem maior desenvolvimento cognitivo frente a sua personalidade. Aqui também é importante desvincular as qualidades projetadas, daquelas inerentes.
É muito comum que o orgulho dos pais pelos filhos acabe fazendo surgir características inexistentes. Assim, é importante conhecer o jovem, saber quais são suas reais características e personalidade.
Hobbies não significa interesses
Com a vida moderna, os interesses e hobbies acabam se confundindo no mundo contemporâneo. Para muitos jovens, escolher uma carreira é escolher seus hobbies preferidos, influenciados por uma oferta de falsa liberdade e prazer. Por exemplo: tornar-se influencer nas redes sociais não é carreira. Se o jovem perde a conta da rede social, como poderá continuar sua carreira?
Escolher uma carreira é escolher uma área profissional frente ao sistema educacional vigente atual do país ou do mundo, onde sua continuidade dependerá exclusivamente do sujeito, e conhecer esses interesses pode dar uma chave para saber quais são as reais intenções dos filhos em relação ao futuro. Para os jovens, conhecer os próprios interesses é essencial para construir uma carreira futura.
O desligamento ou desvinculação emocional nunca será um processo fácil e precisa ser trabalhado cuidadosamente. Contudo, os jovens precisam deste afastamento para que possam se conhecer, construir sua relação com o mundo, seu sentido de vida e próprio futuro. Os pais têm um papel fundamental na construção deste futuro, no entanto, é preciso compreender que não devem tomar para si essa construção e sim apoiar e dar suporte a esse processo de descoberta.
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Bruno Cunha, Headhunter & Consultor de Carreira. Especialista em consultoria de carreira para profissionais (técnicos, gestores, consultores, docentes, empreendedores e autônomos/liberais) que buscam recolocação, mudança de emprego, desenvolvimento profissional ou transição de área/carreira. Nos últimos 18 anos, desenvolveu métodos de diagnósticos profissionais capazes de identificar as necessidades individuais de centenas de profissionais.
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